RADIO DESPERTA BRASIL NA WEB

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Seca chega à Mata e reduz produção de cana e açúcar

















A seca mais inclemente dos últimos 50 anos também produz efeitos devastadores na Zona da Mata pernambucana, outrora a região que colocou o Estado entre os maiores produtores de açúcar do País. A falta de chuva reduzirá em 40% a safra de cana, matéria-prima utilizada na produção do açúcar, do etanol e agora também de energia. Com isso, 12 mil produtores em engenhos estão penalizados.

A cana que sai do canavial tem tamanho reduzido e menor teor de açúcar por causa da estiagem. A usina Petribu, uma das mais tradicionais do Estado, localizada nas terras do município de Lagoa de Itaenga, na Mata Norte, que na safra anterior produziu 2,4 milhões de toneladas de açúcar, terá que se contentar 1,9 milhões este ano.


















Também produtora de álcool, sua safra será 30% menor, caindo de 27 milhões para 18 milhões de litros. “Além do impacto na produção, a moagem está sendo reduzida em 40 dias”, diz Edward Douglas Melo, assessor da usina que, mesmo no feriado nacional, foi bater o ponto.

Segundo ele, a moagem, que geralmente se inicia em agosto e acaba em março, este ano começou mais tarde, em setembro, e acabará mais cedo, em janeiro. Além dos problemas com a estiagem, o setor convive com a desvalorização de 15% no preço da matéria prima do açúcar e etanol.


















A seca não prejudica apenas a produção desses dois produtos. Mais do que isso, inibe novos investimento nos canaviais uma vez que comprometeu cerca de 50% do faturamento do setor.

Segundo a Associação dos Fornecedores de Cana do Estado, aproximadamente 2,5 milhões de toneladas de cana deixaram de ser produzidas por falta de chuva, representando na ponta do lápis uma perda de receita da ordem de R$ 160 milhões. Some-se a isto a queda de 15% no preço da tonelada de cana.


















Para não ficar sem cana, a usina Petribu recorreu ao sistema de produção irrigado, cuja água sai de três barragens já reduzidas em 50% a sua capacidade de armazenamento por causa da longa estiagem. Segundo Douglas, 25% da cana produzida para segurar a moagem na usina vêm da área irrigada. “Irrigar onera o produto final, mas não há outra saída”, diz ele.

Para compensar o que os engenhos deixaram de entregar à usina, o grupo Petribu passou acomprar também parte da cana da usina Cruangi, em Timbaúba, que este ano, pela primeira vez, não está moendo, contribuindo assim para redução da produção de açúcar do Estado e dos empregos, principalmente.


















Supervisor agrícola da usina Petribu, de onde boa parte da população de Lagoa de Itaenga depende, José Bonifácio diz que nunca viu, em 40 anos atuando no setor, situação mais dramática.

“Em todo este tempo aqui, nunca vi se preparar cana para irrigar em agosto”, diz ele, adiantando que isso, em época normal, se daria em maio. O setor sucroalcooleiro da Mata, que há 10 anos gerou cerca 250 mil empregos no corte da cana, viu esse número ser reduzido a 100 mil com a seca deste ano. Até encontrar quem se disponha a trabalhar no corte da cana está difícil.


















Tem usinas que importam mão de obra de Alagoas e da Paraíba porque grande parte dos cortadores de cana que na entressafra foram beneficiados pelo programa Chapéu de Palha, passando por cursos de reciclagem, hoje atuam em Suape. “Nós temos buscado reforçar a mão de obra com trabalhadores vindo da Paraíba”, diz Douglas, de usina Petribu.

fonte do blog do magno martins
http://www.blogdomagno.com.br/
Escrito por Magno Martins, às 12h00

Nenhum comentário:

Postar um comentário